Share |

Entrevista a Manuela Goes por Algarve Mais

Algarve Mais – Quais o motivo que a levaram a candidatar-se a Presidente de Câmara Municipal nas Eleições Autárquicas de 29 de Setembro de 2013?
Manuela Goes - Não me candidato em nome pessoal, mas sim por um coletivo. O BE candidata-se a estas eleições autárquicas, particularmente difíceis, com dois grandes objetivos: responder à emergência social e resgatar a democracia local. Como a estimulação da economia e a criação de emprego não se podem dissociar da resposta à emergência social, o BE empenhar-se-á no fomento do crescimento económico por meio da promoção da atividade dos agentes integradores na economia social, no apoio às PME’s e às microempresas. Apoiando as formas associativas e cooperativas de promoção e dinamização de atividades económicas e sociais; Apoiando a criação de incubadoras ou «ninhos de empresas», assegurando uma redução de custos, apoio técnico e logístico no lançamento de novos projetos e de formas de criação de auto emprego; Apoiando a promoção de atividades e produções artesanais; Apostando na requalificação urbana, incentivando as técnicas de construção tradicionais.
Defendemos a criação de emprego estável, a ausência de precariedade dos vínculos laborais e a discriminação positiva dos mais vulneráveis no acesso ao emprego.
No que toca ao resgate da democracia local comprometemo-nos a dinamizar uma maior proximidade entre a população e os órgãos representativos do poder local, assumimos a realização de referendos, portanto, consultas à população, em situações em que a gravidade e importância das decisões o exijam, como por exemplo, a concessão ou privatização da gestão dos sistemas de abastecimento público de água, saneamento e resíduos. Continuamos a bater-nos pela implementação de um orçamento participativo, tal como fizemos em 2009. Também nas áreas do ordenamento do território, urbanismo e ambiente empenhar-nos-emos na defesa de mecanismos de participação mais efetiva da população. Defendemos até o esclarecimento das pessoas sobre a importância destes instrumentos na vida dos municípios. A ausência de PDM no concelho de Lagos (único concelho no País) é gritante e leva ao completo descontrole urbanístico. Consideramos que agora, mais do que nunca, motivar os cidadãos para a vida pública e política é urgente, que quebrar o «divórcio» entre cidadãos e eleitos é premente, que fazer com que os jovens e menos jovens exerçam cada vez mais a sua participação cidadã e cívica é fundamental. Queremos cidadãos ativos e comprometidos. A democracia é o poder do povo. Exerçam-no e fiscalizem quotidianamente a ação política daqueles que mereceram a vossa confiança para serem eleitos ou eleitas

Algarve Mais – Quais as principais carências que deteta no seu concelho a nível de atividade económica, bem estar social, saúde, educação, desporto, cultura e outras áreas pertinentes?
Manuela Goes - À semelhança do que tem acontecido um pouco por todo o Algarve, Lagos assiste a uma desertificação do centro histórico, à falência de grande parte do comércio tradicional e das pequenas e médias empresas existentes no concelho, a uma sazonalidade relacionada com a praticamente única atividade económica que subsiste: o turismo. É um concelho flagelado pelo desemprego, agravado pela subida dos mais variados impostos municipais (taxas, licenças), pela subida desmesurada da água, refém de um programa de apoio à economia local. A nível da saúde, a recente criação do Centro Hospitalar do Algarve poderá levar a uma escassez de cuidados médicos para as populações das terras do infante. Já se verificou a transferência de várias valências para o CHBA, agravando o já difícil acesso dos idosos a cuidados de saúde primários, bem como da população em geral. Assistimos à criação de Mega agrupamentos escolares, com intuitos meramente economicistas; o que provocou o distanciamento relacional tão importante em pedagogia. O desporto talvez seja a área mais acarinhada pela edilidade. Infelizmente, a cultura tem sido esquecida pelo governo PSD/CDS e as dificuldades económicas vivenciadas pela autarquia levaram a cortes neste sector. Se compararmos a atual oferta cultural do Centro Cultural de Lagos com há quatro anos, a mesma é diminuta. No entanto, queria destacar que, não por opção política, mas por escassez de verba, se está a apostar nos agentes culturais locais, o que é muito positivo.

Algarve Mais – Como avalia o desempenho do atual presidente de câmara?
Manuela Goes - Alguém que investiu na betonização do concelho, mas não pensou no desenvolvimento sustentado a médio prazo. As consequências para o Concelho estão à vista.

Algarve Mais – O que vai prometer aos eleitores enquanto candidata a presidente de câmara municipal?
Manuela Goes - Gosto pouco de fazer promessas. Os eleitores escolherão. Apenas posso prometer continuar a fazer o que o BE tem feito até agora em Lagos, ou seja, trabalhar em prol das populações em coerência com o programa que apresenta ao eleitorado.

Algarve Mais – Pensa que os resultados nas eleições autárquicas vão ser influenciados pela atual conjuntura nacional e pelo desagrado que existe em relação ao governo PSD/CDS?
Manuela Goes - Penso e espero que sim. Embora em eleições autárquicas os eleitores votem, também, em pessoas que conhecem e são da sua confiança e não tanto nas forças políticas. PSD e CDS são dignos dessa confiança?

Algarve Mais – Caso seja eleita, quais vão ser as suas prioridades, as medidas a tomar com maior urgência?
Manuela Goes - Pedir uma auditoria à Inspeção Geral de Finanças às contas da autarquia e das empresas municipais. Só assim poderemos ter a noção exata da situação financeira do município. Logo, esta seria a medida essencial para um diagnóstico correto e real da situação. A partir daí procuraríamos implementar as medidas referidas na primeira questão que consideramos a base do nosso programa. A resposta à emergência social é, sem dúvida, a prioridade do momento. Medidas que facilitem a criação de emprego também. Consideramos prioritária a implementação de um orçamento participativo, bandeira que já defendemos em 2009 e continuaremos a batalhar pela sua concretização.